Presidente da Liga do Nordeste, Alexi Portela vive seu penúltimo Nordestão no cargo. Apesar do estatuto permitir reeleição, ele garante que não mais comandará a entidade após 2018, deixando como legado um novo formato para a competição a partir de 2019.
Participando da turnê da Taça do Copa do Nordeste, que passou por Salvador nesta semana, o ex-mandatário do Vitória deu entrevista ao A TARDE e falou sobras as mudanças no Regional, além de comentar a eleição de Ivã de Almeida para a presidência do Leão.
Quais mudanças vocês estão estudando para a copa e por que elas ficarão para 2019?
Não tem como mudar para 2018 porque os estaduais já estão aí e nos regulamentos já vem dizendo quem vai se classificar. Mas para 2019 vamos precisar mudar o formato. Talvez garantir alguns times direto na fase de grupos e pegar terceiros e quartos colocados de cada Estadual e fazer um mata-mata antes da fase de grupos. É uma ideia, mas não tem nada fechado ainda. A ideia do novo formato é ter jogos mais atraentes desde a 1ª fase, com times de maior apelo popular.
O torneio já está na sua 5ª edição e só há um ano se consolidou em todas as TVs por assinatura. Mudar o formato agora não seria prejudicial?
Não vamos mudar a essência do campeonato, só vamos mudar o formato para melhorar a sua atratividade. Acho que não corre o risco do torcedor estranhar. Hoje, temos 20 times e se classificam o segundo colocado de três grupos. Se você tem um clássico no grupo, fica mais complicado para os dois passarem. Se você coloca 16 times com dois passando de cada grupo, fica mais garantido.
Por que as ações de divulgação da copa, como este Tour da Taça, ficam a cargo do Esporte Interativo? A Liga não poderia se envolver?
Porque quando chegamos ao acordo para retomar a copa ninguém acreditou na competição, só o Esporte Interativo, que decidiu bancar ela 100%. Se não fosse por isso, talvez o torneio não tivesse saído do papel. Então, nesses primeiros anos tudo o que o campeonato der de lucro ou de prejuízo ficará por conta deles, a Liga do Nordeste já sabe o que vai ganhar. Por isso, a parte de divulgação é toda por conta deles. A partir de 2018 será diferente, a Liga vai entrar como sócia do torneio. Aí, vamos ter que sentar com eles para negociar como ficará a divisão das receitas e como será dividida essa parte de marketing.
Por que a Liga não entrou como sócia desde o início? Além disso, a Liga não tem sequer funcionários. Como vai trabalhar a partir de 2018?
Porque a gente queria primeiro consolidar a competição, então vendemos tudo para o canal. Para que eu criaria uma estrutura para a Liga se o dinheiro não fica com ela, vai todo para os clubes? No ano que vem, quando a Liga for sócia, aí sim teremos que criar uma estrutura porque vamos ter que negociar patrocínio e fazer crescer ainda mais a copa.
Como ficaram as cotas da Copa do Nordeste deste ano?
São R$ 600 mil de cota na 1ª fase, 20% a mais do que em 2016. Quem passa para as quartas recebe mais R$ 450 mil, e para as semifinais mais R$ 550 mil. O campeão ganha mais R$ 1,25 milhão e o vice, R$ 550 mil.
O Ceará não conseguiu vaga no Nordestão e foi disputar a Primeira Liga. Isso causou algum atrito?
Nenhum. Temos que olhar para a nossa competição, e não para a dos outros. Temos 12 datas e a Primeira Liga, sete. Pelo que sei, o Ceará não está recebendo cota nenhuma lá. Acho que a Copa do Nordeste se defende pelo seu valor de mercado. Temos tudo para mantê-la forte e não ficar se preocupando com as outras.
Na última semana, o presidente da federação pernambucana, Evandro Carvalho, criticou a copa dizendo que ela tira público do seu estadual. Como você recebeu essas críticas?
O Pernambucano era um campeonato chapa-branca, bancado pelo estado, e esse ano deixou de ser. Ele teve uma redução nos ingressos porque o governo bancava parte deles (através de um programa de troca de notas fiscais). Achei estranha essa posição e vou fazer uma reunião para saber o que está acontecendo. Deve estar querendo justificar e jogou para a gente a responsabilidade. Mas não tem risco disso interferir na copa porque temos um contrato garantindo ela até 2022, e ele vai ter que cumprir.
O que acha do grupo que venceu a eleição no Vitória?
Eu conheço alguns, tem pessoas competentes por lá e desejo toda a sorte. Tenho relação boa e antiga com Ivã, que trabalhou na base comigo. Mas não participei da eleição, não quis apoiar nenhum candidato e nem participei de reunião nenhuma. Mas fui votar, sim.
Por que você não participou da eleição? Acha que poderia prejudicar a chapa que apoiasse? Ficou chateado por ter ficado à margem da eleição?
Não, de jeito nenhum. Não me envolvi porque senti o clube muito dividido e não quis acirrar ainda mais a briga interna. Passada a eleição, espero que quem esteja lá seja sábio para unir o clube de novo. Quando eu entrei em 2006, ninguém queria assumir a presidência. É muito fácil hoje receber um clube com R$ 40 milhões em caixa e com tudo arrumado, da base aos campos. Fico satisfeito que esse pessoal que está aí encontre o clube dessa maneira. Uma coisa é o Vitória de 2006, outra coisa é o Vitória de 2016.
Falta democracia ao Vitória?
Como é que você fala que não tem democracia quando tiveram quatro chapas na eleição? As pessoas não entendem isso. Nos Estados Unidos a eleição é indireta como no Vitória e é a maior democracia do mundo. No Vitória, quem tem 18 meses pode se candidatar, como fizeram. Como é que não existe democracia?
Uma das bandeiras da nova gestão é instaurar o voto direto a presidente, a formação de um Conselho proporcional e diminuir a carência para votar e se candidatar. Você concorda com essas mudanças?
Conselho proporcional eu sou a favor. Votar diretamente no presidente eu também não vejo problema, mas menor tempo de carência eu não concordo. Acho que não se pode correr o risco de algum aproveitador tomar conta do clube. Futebol é de momento. Digamos que em um ano de eleição o clube esteja mal, aí o cara que tem pouco tempo de carência vai lá e vota com raiva, esculhamba com o clube. Tem que ter um tempo grande com o cara pagando para que se diga ‘esse cara realmente é Vitória, ele se envolve com o clube’.
Pretende voltar à presidência do Vitória ou assumir cargo?
Não quero voltar e não quero assumir cargo nenhum. Ajudar eu sempre vou ajudar, nunca vou negar. Mas cargo eu não quero, quero ser apenas um conselheiro nato, como sou.
Como é a sua relação com Marcelo Sant’Ana? O Bahia criticou a Liga no ano passado por erros de arbitragem.
Eu entendo o lado deles, quando o time não vai bem você procura sempre um bode expiatório. Mas quem fez as críticas foi o vice-presidente dele, Marcelo eu nunca vi fazendo crítica alguma. Ao contrário, ele é um dos maiores defensores da Liga, sempre se colocou à disposição para ajudar.
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