Deram a volta olímpica, no último fim de semana, 18 campeões pelo país.
Chegam ao fim as contestadas competições estaduais que espremem
calendários de clubes que jogam divisões nacionais, de um lado, e deixam seis em cada dez atletas profissionais desempregados por
falta de atividade. O motivo para que elas existam – e continuem no
formato que têm – está na estrutura federativa do futebol brasileiro.
Uma estrutura viciada, mas rentável.
ÉPOCA levantou as receitas das 27 federações estaduais
em 2015 nos balanços patrimoniais das entidades. Ao todo, foram
arrecadados R$ 144,8 milhões por cartolas que não chutam uma bola, não
pagam salários de atletas, nem constroem e mantém estádios, mas detêm o
monopólio sobre o futebol. Não existe partida oficial sem o aval de
federações, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da Fifa.
O dinheiro está concentrado no eixo Rio-São Paulo. As duas federações, FFERJ e FPF,
recebem metade de todo o faturamento. Por duas razões. Primeiro que,
como as partidas do Paulista e do Carioca têm médias de público e rendas
superiores a outros estados, rendem mais para federações. Elas levam 5%
das receitas brutas dos clubes com ingressos. Segundo, são estados que,
por ter mais público e mais audiência na televisão, conseguem vender
placas publicitárias.
Não é o caso da federação mais pobre, a do Amapá. A FAF se sustenta com
o repasse financeiro feito pela CBF anualmente. Os R$ 750 mil que
recebeu da confederação representam 99% do seu faturamento – só R$ 6,2
mil entraram por outras vias. As federações conseguem dinheiro com
anuidades e taxas pagas por clubes para inscrever atletas, doações,
convênios, patrocínios. Mas, em geral, a história é sempre a mesma: a
verba depositada pela CBF paga a maior parte da conta. Em 2015, a "mãe"
mandou R$ 19,5 milhões em mesadas.
É inviável, pelos formatos dos balanços, não padronizados, determinar
para onde vai todo o dinheiro. Os documentos apontam despesas
"administrativas", "gerais" e com "serviços", sem especificar ou
explicar o quê. Fato é que a maior parte vai para funcionários. No
Tocantins, a FTF gastou R$ 735 mil do R$ 1,2 milhão que arrecadou com
"pessoal", 60% do total. Em Minas Gerais, a FMF empenhou R$ 5,3 milhões
dos R$ 9,5 milhões obtidos com salários, ou 56%. Aí é que está o
problema. Se as federações usassem o dinheiro que vem da CBF – graças à Seleção Brasileira
– para bancar projetos em parcerias com clubes, o modelo federativo
poderia funcionar. Só que o dinheiro das federações acaba nas próprias
federações.
De: RODRIGO CAPELO/ EEC(Época Esporte Clube)
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