2 de abr. de 2015

No compasso do Casca


A qualidade da fotografia é detalhe. Sou o autor. Não resisti e captei pelo celular. O importante é o que a imagem diz. E ela fala, suave e contemplativa. Falta apenas o par a ilustrar a caminhada de Cascata, o camisa 10 que, posso berrar sozinho, no longe dos ocos do planeta, é o melhor meio-campista do Nordeste.

O América enfiou 5x1 no Globo,ultrapassou degraus na Copa do Brasil. Uma vitória por 5x1 é tão impactante quanto um nocaute com menos de cinco segundos no boxe ou na carnificina do MMA. É uma sensação de cachoeira refrescando o suor das caatingas.

E Cascata, que – no retrato(retrato é bom e antigo) parece estar em atividade no Parque das Dunas, mostrou quem manda por aqui. É ele. Na cadência, na visão, na finalização romariana de tão debochada e felina. Cascata organizou o América e fez a equipe da ESPN esperar pelas suas passadas de gato escaldado na fina categoria.

O América parece ter expulsado todos os seus temores, seus pesadelos, os efeitos da eliminação da Copa do Nordeste e me deu razão. Se lá tivesse continuado, haveria de disputar para reconquistar o título vencido em 1998, quando o Cascata era dividido em dois: Moura e Paulinho Kobayashi.

Max é o artilheiro do Brasil, poucos reparam no que está jogando o beque Flávio Boaventura – ainda injustamente menosprezado por ter atuado no ABC -, uma besteira, afinal Alberi passou pelo América e é Deus alvinegro.

Na noite do Barretão, onde o América passou como Caterpillar pelo seu extirpado calo chamado Globo, foi possível ao saudosista, o reencontro com a velha triangulação dos pretéritos. A jogada do primeiro gol, a partir do menino Mateus, no toque de calcanhar do lateral enfiado de centroavante, Julinho, ao tiro de Cascata, chama-se primor.

Cascata, ao seu ritmo, tempo e cronometragem próprios, intangíveis, reinventou a célebre frase do maior dos seres criativos no gramado, Valdir Pereira, o Mestre Didi, oração odiada pelos retranqueiros de terno e prancheta: “Quem corre no campo é a bola.”

Rubens Lemos 
Jornalista

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1 comentários:

Clovis disse...

Cascata - genial com a bola tanto quanto Rubinho é com as letras, com a escrita, com a formulação de textos e pensamentos. Pena que a vida o tenha destinado ao preto e branco. Mas, sem contestação, salve Cascata! Único resquício de qualidade do nosso time. Ter que aguentar Busatto, Válber, Zé Antônio (como caiu de produção!), Julinho, Tiago Dutra, "Soninho" Costa, Alfredo, Álvaro...só compensando com Cascata.

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