A disputa do Bahia com a Concessionária da Arena Fonte Nova tem uma série de ingredientes como pano de fundo como a operação Lava-Jato, a pressão da torcida, o baixo público da equipe e o contrato que veta o uso do Pituaço. As duas partes estão dispostas a usar suas principais armas de pressão, enquanto o governo do Estado tenta mediar um acordo porque pode ter de pagar a conta.
Vamos aos fatos. Na segunda-feira, o clube anunciou sua disposição de deixar de jogar na Arena Fonte Nova por sua insatisfação com as condições para manutenção do contrato com a administradora. A Concessionária se mostrou surpresa e reclamou da interrupção das negociações. Isso é o que há de oficial já que as partes não quiseram falar nesta terça-feira.
Como pando de fundo, Bahia já vem insatisfeito com as condições da Fonte desde o ano passado quando notificou a empresa que queria rever as condições do contrato, o que estava previsto para abril. Reivindicava mais poder na gestão dos jogos, principalmente participar na determinação dos preços de ingressos, e melhoria de condições financeiras. A relação desde então só se deteriorou.
O clube reclama que piorou o tratamento dado ao torcedor na compra de ingressos, e até holofotes eram acendidos com atraso em jogos noturnos. Isso é atribuído no Bahia à economia feita pela Concessionária por conta das dificuldades financeiras da OAS, sócia da Arena Fonte Nova juntamente com Odebrecht.
A empreiteira começou a enfrentar problemas por ser alvo de investigação na Operação Lava-Jato, na qual se apuram acusações de pagar propinas por contratos da Petrobras. De fato, em nota nesta terça-feira, a empreiteira entrou com o pedido de recuperação judicial e anunciou que venderá sua participação no estádio, que é de 50%.
O Bahia sabe desse momento de fraqueza da empreiteira e o usa para pressionar por condições melhores. Ao seu lado, tem ainda um apoio significativo da torcida, insatisfeita com o tratamento no estádio.
Do outro lado, a Concessionária tem como argumento o contrato com o governo do Estado e contas. Pela cláusula 12.3 da PPP (Parceria Público-Privada) entre o Estado da Bahia e a empresa, “fica desde já estabelecido que o poder concedente não permitirá a realização de jogos oficiais de futebol no Estádio Pituaçu'' com o objetivo de viabilizar a Fonte Nova.
O blog apurou que os administradores do estádio está disposto a usar a cláusula e ir para briga se for necessário, o que deixaria o Bahia sem lugar de bom porte para jogar. Pelo acordo, caso o governo do Estado descumpra qualquer uma das cláusulas que afete as condições financeiras, teria de pagar com isso com indenização ou aumento dos pagamentos mensais (contraprestação) à Arena Fonte Nova.
Prova da preocupação é de que, nesta terça-feira, houve reunião de representantes da empresa com o governador baiano, Rui Costa. A assessoria da Secretaria de Trabalho e Emprego da Bahia, que cuida do estádio, ainda não tinha uma posição sobre o resultado da reunião.
Outra defesa da Concessionária, nos bastidores, é de que o Bahia tem gerado prejuízo, e não renda para a gestão. Explica-se: as condições atuais do contrato davam ao clube R$ 9 milhões líquidos em renda.
Só que o clube teve público médio de 15 mil no de 2013 e de 11,5 mil, em 2014. Com essa presença, gerou apenas R$ 5,6 milhões líquidos. Em resumo, a empresa tomou prejuízo de R$ 12 milhões com o clube.
Ninguém relevou, no entanto, qual o valor pago pelo governo do Estado para a Concessionária, montante este que não está vinculado ao contrato do Bahia. Mas os pagamentos podem aumentar caso o governador libere o Pituaçu ao Bahia. Certo é que, neste momento, nenhuma das partes parece propensa a ceder.
Do: Blog Rodrigo Mattos/UOL
Do: Blog Rodrigo Mattos/UOL
0 comentários:
Postar um comentário
Política de moderação de comentários:
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.