1 de abr. de 2015

Briga Bahia x Fonte Nova envolve Lava-Jato, veto ao Pituaçu e cofre público

A disputa do Bahia com a Concessionária da Arena Fonte Nova tem uma série de ingredientes como pano de fundo como a operação Lava-Jato, a pressão da torcida, o baixo público da equipe e o contrato que veta o uso do Pituaço. As duas partes estão dispostas a usar suas principais armas de pressão, enquanto o governo do Estado tenta mediar um acordo porque pode ter de pagar a conta.
Vamos aos fatos. Na segunda-feira, o clube anunciou sua disposição de deixar de jogar na Arena Fonte Nova por sua insatisfação com as condições para manutenção do contrato com a administradora. A Concessionária se mostrou surpresa e reclamou da interrupção das negociações. Isso é o que há de oficial já que as partes não quiseram falar nesta terça-feira.
Como pando de fundo, Bahia já vem insatisfeito com as condições da Fonte desde o ano passado quando notificou a empresa que queria rever as condições do contrato, o que estava previsto para abril. Reivindicava mais poder na gestão dos jogos, principalmente participar na determinação dos preços de ingressos, e melhoria de condições financeiras. A relação desde então só se deteriorou.
O clube reclama que piorou o tratamento dado ao torcedor na compra de ingressos, e até holofotes eram acendidos com atraso em jogos noturnos. Isso é atribuído no Bahia à economia feita pela Concessionária por conta das dificuldades financeiras da OAS, sócia da Arena Fonte Nova juntamente com Odebrecht.
A empreiteira começou a enfrentar problemas por ser alvo de investigação na Operação Lava-Jato, na qual se apuram acusações de pagar propinas por contratos da Petrobras. De fato, em nota nesta terça-feira, a empreiteira entrou com o pedido de recuperação judicial e anunciou que venderá sua participação no estádio, que é de 50%.
O Bahia sabe desse momento de fraqueza da empreiteira e o usa para pressionar por condições melhores. Ao seu lado, tem ainda um apoio significativo da torcida, insatisfeita com o tratamento no estádio.
Do outro lado, a Concessionária tem como argumento o contrato com o governo do Estado e contas. Pela cláusula 12.3 da PPP (Parceria Público-Privada) entre o Estado da Bahia e a empresa, “fica desde já estabelecido que o poder concedente não permitirá a realização de jogos oficiais de futebol no Estádio Pituaçu'' com o objetivo de viabilizar a Fonte Nova.
O blog apurou que os administradores do estádio está disposto a usar a cláusula e ir para briga se for necessário, o que deixaria o Bahia sem lugar de bom porte para jogar. Pelo acordo, caso o governo do Estado descumpra qualquer uma das cláusulas que afete as condições financeiras, teria de pagar com isso com indenização ou aumento dos pagamentos mensais (contraprestação) à Arena Fonte Nova.
Prova da preocupação é de que, nesta terça-feira, houve reunião de representantes da empresa com o governador baiano, Rui Costa. A assessoria da Secretaria de Trabalho e Emprego da Bahia, que cuida do estádio, ainda não tinha uma posição sobre o resultado da reunião.
Outra defesa da Concessionária, nos bastidores, é de que o Bahia tem gerado prejuízo, e não renda para a gestão. Explica-se: as condições atuais do contrato davam ao clube R$ 9 milhões líquidos em renda.
Só que o clube teve público médio de 15 mil no de 2013 e de 11,5 mil, em 2014. Com essa presença, gerou apenas R$ 5,6 milhões líquidos. Em resumo, a empresa tomou prejuízo de R$ 12 milhões com o clube.
Ninguém relevou, no entanto, qual o valor pago pelo governo do Estado para a Concessionária, montante este que não está vinculado ao contrato do Bahia. Mas os pagamentos podem aumentar caso o governador libere o Pituaçu ao Bahia. Certo é que, neste momento, nenhuma das partes parece propensa a ceder.

Do: Blog Rodrigo Mattos/UOL
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