Para definir de maneira bem clara e direta sobre o que o América representou para esse grande americano eu diria: Adalberto de Sousa teve uma família de seis filhos, cinco naturais e um adotado chamado América Futebol Clube. Deixou um legado de muita paixão e amor transmitido e devidamente assumido pelos filhos e netos. Sua maneira de educar para edificar essa raiz é construída de extremada dedicação e doação a causa do amor clubístico, vermelho sanguíneo, sem cobrança de contra partida a não ser o valor maior de ver o América vencer e crescer.
A sua abnegação pelo América o conduzia aonde ele estivesse e em qualquer esporte. Na época do licenciamento do clube do futebol passou a frequentar e admirar o futebol de salão onde assistíamos Salvador Lamas, Arturzinho e cia. nos memoráveis embates contra o Abc de Bira ou aos jogos de basquete sob a batuta de Genildo Correia nos confrontos contra a AABB.
Dono de um bom humor contagiante, era falante, comunicativo, culto, um consumidor assíduo de livros, jornais e revistas. O hábito da leitura o fazia um excelente contador de fatos e historiava com detalhes algumas das muitas manipulações de Vicente Farache em arranjar títulos para o Abc. Gostava muito de ouvir o programa de esporte do meio dia na Rádio Cabugi e o “curruchiado do João Machado”.
Íntegro e firme em suas posições nunca deixava dúvida em que lado estava embora tivesse o dom da conciliação. Sua vida foi cultuada de grandes amizades de americanos ilustres como: Dilermando Machado, Henrique Gaspar, Humberto Nesi, Hugo Manso, Heriberto Bezerra, Zé Rocha, entre tantos outros. Foi a época dos grandes cardeais do América. Todos esses nomes mencionados são aqueles que gozavam de sua admiração pela dedicação, apreço e amor inconteste pelo América sem demérito de alguma omissão de minha parte. Embora não fossem da sua geração sempre enaltecia os americanos mais jovens como Dr. Medeiros, Marcos Cavalcanti, Paulinho Freire, Alex Padang, Roberto Bezerra, Eduardo Rocha, Maeterlinck Rego que também gostam de se embebedar desse maravilhoso néctar de orgulho e paixão chamado América.
Iluminado de uma áurea de desprendimento peculiar vivenciei a sua contribuição na luta da construção e o orgulho na conclusão da sede da Rodrigues Alves, na alegria pelos sucessos dos grandes carnavais produzidos, na emoção das conquistas de títulos e também da sua aflição nas crises financeiras.
Quem conviveu com ele diz que era um colaborador financeiro de primeira hora nas crises e nas contratações. Conhecedor profundo das finanças do América, foi por muitos anos Vice-Presidente Financeiro, o seu elevado altruísmo em favor do clube o levou, por diversas vezes, a doar de volta ao clube o prêmio (um automóvel) em que havia sido o ganhador.
Sócio Benemérito, Presidente do Conselho Deliberativo, Conselheiro, Sócio Proprietário, Sócio Remido, entretanto o seu maior título e orgulho era ser torcedor do América de Natal, assim dizia.
Apesar da imensidão do seu amor pelo América o seu principal tom de postura sempre foi da moderação no trato com os amigos do seu maior rival, o Abc. Em reunião com amigos sempre dizia brincando que se um filho seu falasse no nome do Abc em casa “não comia”. Essa era outra forma peculiar de declarar o seu amor pelo América.
Nos últimos anos de sua vida já não tinha nervos suficientes para suportar as emoções dos jogos do América, ficava tão angustiado que preferia saber apenas do resultado do jogo só após o seu término. Nas ocasiões que se dispunha a ir ao Machadão mal aguentava um tempo da partida apesar de escolher pontualmente jogos em que o América era franco favorito.
Finalmente, invadido pelo sentimento saudosista da sua presença expresso com esse relato a minha homenagem ao América, em seu nome, pelo seu centenário, dizendo que se ainda estivesse entre nós estaria vibrando e ajudando na construção do seu estádio pois a sua vida não faria sentido se o América não tivesse presente.
Relato escrito por EDILBERTO CAVALCANTI DE SOUSA, filho de ADALBERTO DE SOUSA
O blog Vermelho de Paixão abre espaço para homenagear os personagens que escreveram a história de 100 anos do América. Envie o seu texto para sergionatalrn@gmail.com.
1 comentários:
Eu tive a honra de fazer parte da amizade desse grande homem. Aprendi muita coisa com ele, inclusive a gostar mais ainda do América FC. Na minha opinião ele deveria ser lembrado para sempre por todos os Americanos e se fosse possível a nossa Arena América ter o seu nome, seria de vital importância. (Saudades)
Hilton Toscano Donato
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