O dia em que o Futebol decidiu divorciar-se da lógica foi abençoado para todos aqueles que decidiram-se fãs desse desporto. Ao abrir mão de qualquer coerência, ele permitiu-se sobrenatural. Ao abandonar os conceitos da razão, ele concedeu-se a faculdade da magia.
Seja na majestosa final da Copa no Brasil.
Seja em uma desesperançada oitavas da Copa do Brasil.
E o que se viu nesta quarta paranaense foi o que o Futebol tem de melhor a oferecer. O supra-sumo da peleja. A sua finalidade suprema. O motivo de sua existência: fazer sofrer. Emocionar. Gerar lágrimas, sangue, suor e sorrisos. E, como não podia deixar de ser em espetáculo dessa estirpe, foi incongruente ao ponto de fazer-me torcer pelo rubronegro Atlético-PR, por toda sua volúpia ao ataque, ao mesmo tempo em que desejava ardentemente que o alvirubro América avançasse, dada sua briosa pujança em resguardar sua meta.
O gol aos 42 minutos da etapa final deu à partida a pitada de drama imperativa aos jogos que nascem para ser inesquecíveis. E o último lance da peleja, com o goleiro atleticano a um triz do inverossímil tento com a bola girando pela relva, estabeleceu, com a crueza que é peculiar ao Futebol, a quem caberia as lágrimas de dor e as da alegria.
Seria honesto que ambos prosseguissem. Mas o que lhe falta em razão, sobeja em injustiça. Segue o América, potiguar gigante, derrubando adversários que lhe chegam sempre com a alcunha de favoritos.
E o Atlético-PR, ignorando as leis da física, cai, mas para o alto. Em sua Arena, que de Baixada não tem mais nada. Arena Altiva, Soberba, Soberana. Capaz de receber uma batalha em que não há derrotados. Palco eterno de uma antológica partida em que todos ganharam.
As fotos são do grande Albari Rosa, da Gazeta do Povo
velhocronista.com
2 comentários:
Belo texto.
Histórico!
grande jogo, grande materia desse tal de freud ironico. o cara é vascaíno e viu tudo la do rio! demais!!!
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