A violência no futebol brasileiro segue o mesmo caminho da Argentina. As
organizadas têm influência na vida dos clubes, contatos no mundo
político e vivem sob a inércia e medo dos dirigentes.
O alerta foi feito à Folha pela Salvemos al Fútbol (Salvemos o
Futebol), ONG criada para combater os barras bravas, apelido dos
torcedores violentos no país.
"Soube do rapaz que morreu recentemente [o santista Márcio Barreto de
Toledo]. As características do crime lembram o que se passa na
Argentina", diz Mariano Bergés, vice-presidente da entidade.
Pelos dados da ONG, brigas no futebol local já produziram 281 mortes.
Não há um número oficial no Brasil. Segundo o diário "Lance", são 236
mortos. Mas a população brasileira é de 201 milhões de habitantes. Na
Argentina, são cerca de 44 milhões.
"Sofremos com esse flagelo há mais de 20 anos", completa Bergés,
referindo-se aos "barras bravas", como são conhecidos os torcedores
argentinos fanáticos e, geralmente, agressivos.
A luta é tão inglória que a fundadora da entidade, Monica Nizzardo,
desistiu de presidir a ONG. "Essa violência não tem solução. Cansei",
disse à Folha.
A violência nem sempre resulta em mortes. Na semana passada, um grupo de
"barras" do Los Andes disparou tiros contra o portão da casa do
presidente do clube, Oscar Ferreyra. Ele renunciou, assim como toda a
diretoria.
"Os barras bravas de quase todas as equipes têm ligações com a polícia,
são usados por partidos, possuem representantes em altos cargos. Não há
vontade política para combatê-los", opina Bergés.
No Brasil, organizadas também começam a ter boas relações com políticos que ocupam cargos eletivos.
Em homenagem ao Corinthians, em 2013, o vereador paulistano Antônio
Goulart (PSD), se definiu como "Gavião". Referia-se à torcida Gaviões da
Fiel.
Tal qual ocorre aqui, cartolas e atletas argentinos são acusados de
conivência com os violentos. Não é raro que ofereçam dinheiro a eles.
"Isso é mais comum do que se pode imaginar. Você faz o quê? Não dá? Eles
sabem onde você mora, onde seus filhos estudam...", afirma o
ex-zagueiro Oscar Ruggeri, campeão mundial em 1986.
Há vantagens financeiras em ser "barra brava". São ingressos negociados
no mercado negro, venda de camisas, doações em dinheiro e briga pelo
"direito" de controlar os guardadores de carros nos arredores do
estádio.
"Um dirigente de futebol tem o dever de denunciar as atividades dos
torcedores violentos e não ter relação com eles. Os barras agem assim
porque têm certeza da impunidade", finaliza Bergés.
Da Folha de São Paulo
1 comentários:
Espero que a diretoria do MEcão não esteja mais apoiando a organizada. Deve-se dar um basta enquanto a cosa não piora mais. São muitos casos de bandidos dentro da Máfia. Então é cortar o mal pela raiz, para restaurarmos o futebol e entregá-lo de volta para as famílias.
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