8 de jul. de 2013

Altos custos afastam clubes de novas arenas

Testadas com capacidade máxima na Copa das Con­­fe­­derações, as novas arenas brasileiras entram, a partir deste fim de semana, na rotina do futebol de clubes. Uma realidade com gastos de mais e inquilinos de menos. Estádios que passaram toda a sua história como casa de todos os times se deparam com um cenário em que passarão a abrigar apenas uma torcida. Um fator preponderante para moldar um mercado ainda em formação.
O caso mais dramático é o do Maracanã, endereço dos times cariocas por seis décadas. Uma semana depois da final entre Brasil e Espanha, o novo Maraca é uma casa sem dono. O único jogo previsto é Fluminense x Vasco, dia 21 de julho.
Os quatro grandes cariocas estão em negociação com o consórcio que ganhou o direito de administrar o estádio. O acordo de concessão obriga a gestora a assinar com dois clubes, mas até agora ninguém formalizou parceria. Pesam contra as condições apresentadas aos clubes. Tricolores e vascaínos receberão 65% da receita de bilheteria do jogo do dia 21. Todo o resto ficará com a gestora, incluindo a renda dos bares. O prazo do vínculo também afugenta os inquilinos.
“Em nenhum momento o Flamengo pensou em não usar o Maracanã. O que o Flamengo não aceita é usar o Maracanã durante 35 anos e não ser recompensado adequadamente”, afirma Rodrigo Tostes, vice-presidente de finanças rubro-negro.
O Botafogo conseguiu equa­­cionar parcialmente o problema. Com prioridade para usar o estádio entre 2013 e 2014, período em que o Engenhão permanecerá fechado, o clube deve assinar o acordo nos próximos dias. Fará no Maracanã 70% das suas partidas, enquanto as de menor apelo serão levadas para outros locais, até mesmo fora do Rio.
“Os clubes negociam tendo em mente os custos dos estádios antigos, enquanto os consórcios olham para uma operação europeia que ainda não chegou. É preciso buscar um ponto de equilíbrio e os gestores ainda estão mais distantes dele”, afirma o diretor-executivo do Botafogo, Sérgio Landau. “Impor o padrão Fifa [em ingresso e custos de operação] inviabiliza o futebol no Brasil. Os pequenos estádios vão ser remodelados e acabarão ocupando um espaço deixado pelas grandes arenas”, prossegue.
O futuro previsto por Landau já é realidade em Fortaleza. Estádio de Ceará, Fortaleza e Ferroviário por quatro décadas, o Castelão será a casa do Vozão e do Ferrim. Não houve acordo com o Tricolor, que estuda arrendar o Presidente Vargas, de propriedade do município.
“A proposta no início era encantadora, mas experimentamos o estádio com alguns jogos e vimos que é muito caro jogar no Castelão. Precisa de no mínimo 10 mil torcedores para pagar a operação”, calcula Fábio Mota, diretor de marketing do Fortaleza.
Belo Horizonte vive situação idêntica. O novo Mineirão foi abraçado apenas pelo Cruzeiro, enquanto o Atlético-MG passou a dividir o também remodelado Independência com o América. O Galo recusou o acordo com a Minas Arena por considerar as condições oferecidas pouco vantajosas, mas admite um acerto para 2014. A Raposa fechou por 25 anos, mas passou a falar em revisão e até rescisão após ver que havia ficado com menos da metade do R$ 1,7 milhão arrecadado na final do Estadual.
Para fechar a operação do estádio, a Minas Arena conta com um calendário anual de 60 jogos de futebol e 20 shows. O Cruzeiro sozinho entregará somente metade das partidas esperadas.
Sem conseguir atrair os inquilinos antigos, os consórcios terão de flexibilizar suas condições. Um processo que deve se desenrolar às custas de muitas revisões de contrato e ter boas consequências para o torcedor.
“O risco de os consórcios perderem dinheiro é bem grande, pois é um mercado que não tem histórico no Brasil e exige investimento alto e contínuo. Agora, esses caras tendem a seguir a lógica do mercado. Verão que para sobreviver terão de reduzir as margens de lucro e baratear os ingressos”, projeta o economista Fernando Ferreira, da Pluri Consultoria. “O mercado vai passar por ajustes na relação entre clubes e arenas. Um vai depender do outro”, complementa.

Da Gazeta do Povo
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