O futuro administrador do estádio do Maracanã, palco da decisão da
Copa-2014, poderá experimentar um lucro de R$ 1,4 bilhão ao longo dos 35
anos de exploração da arena e de seus anexos.
Porém o negócio somente é atrativo na hipótese de dois grandes clubes do Rio se comprometerem a utilizar regularmente o estádio.
Os dados constam de estudo de viabilidade econômica feito pela empresa IMX, do empresário Eike Batista.
A IMX foi escolhida por meio de uma concorrência, e o estudo foi usado
como base para a elaboração do edital de licitação, divulgado na semana
passada. A concorrência está prevista para acontecer no próximo mês.
A Folha obteve a análise da empresa com base na Lei de Acesso à Informação.
O estudo da IMX detalha a intenção do governo de transformar o complexo
do Maracanã -que inclui o ginásio Maracanãzinho e áreas do entorno- em
um espaço de entretenimento utilizado também quando não acontecerem
jogos de futebol.
Está prevista a instalação de bares, restaurantes e até de um cinema e um centro de convenções.
Mas a principal receita do futuro concessionário, segundo o estudo, será
a venda de cadeiras para clientes VIPs, assentos por uma temporada
inteira para jogos de determinado clube e camarotes. Os três itens
representariam 61% da receita bruta, segundo o modelo de negócio da IMX.
O estudo aponta também para uma das principais críticas ao projeto: a elitização do público do futebol.
Em um trecho do documento, a IMX afirma que os clubes serão beneficiados
pela "mudança do perfil do público" do estádio, bem como pelo aumento
do valor dos ingressos. Não há preço estipulado no documento.
De acordo com o levantamento, se o estádio tiver apenas um clube como
cliente, terá "a viabilidade do projeto comprometida". O estudo aponta
que são necessários 123 eventos anuais no Maracanã e no Maracanãzinho
para se atingir este resultado.
O estudo leva em conta investimentos a cargo do futuro concessionário de
R$ 469 milhões e um pagamento de outorga anual ("aluguel" pela
exploração do estádio) de R$ 7 milhões.
No edital de licitação, porém, o governo alterou esses valores, impondo
como piso R$ 584 milhões e R$ 4,5 milhões, respectivamente.
A mudança, entretanto, tem pouco impacto no gasto total da futura administradora do Maracanã.
ESTADO
O lucro de R$ 1,4 bilhão, estimado pelo estudo, compensaria o gasto
público para a reforma do estádio, que se aproxima de R$ 1 bilhão.
Mas, diz a análise da IMX, o governo não seria capaz de obter o mesmo
resultado que uma empresa privada ao administrar a nova arena.
Sem muitos detalhes, o estudo conclui que, se o Estado operasse o
complexo e realizasse as obras, teria um prejuízo de R$ 279 milhões. Ao
conceder à iniciativa privada, ganharia R$ 42 milhões.
O governo pretende concluir a licitação em 11 de abril. Empresas
estrangeiras que operam arenas na Europa estão interessadas. A IMX
também vai participar. Ela já garantiu R$ 2,4 milhões, remuneração pelo
estudo de viabilidade econômica. O futuro concessionário será o
responsável pelo pagamento.
Da Folha de São Paulo
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