Recebi um convite na sexta-feira de Rubens Lemos Filho para escrever algumas linhas sobre o jogo de estreia do América no campeonato brasileiro. O texto foi publicado na coluna Passe Livre, do Jornal de Hoje, na edição desta segunda-feira. Confira:

ÓTIMO COMEÇO

Não poderia ter começado melhor a participação do América no campeonato brasileiro. A “fogueira Presidente Vargas” foi pulada com autoridade e postura de time com espírito vencedor. O tradicional Fortaleza, em qualquer circunstância, é sempre um adversário perigoso, principalmente quando atua diante do seu torcedor. Além disso, vinha com a obrigação de cicatrizar uma ferida aberta com a derrota no último final de semana para o CRB e com o anúncio precoce da saída do técnico Ferdinando Teixeira.

A pressão no início do jogo era natural e esperada. Ao América caberia segurar o ímpeto dos donos da casa, porém o planejado ruiu logo aos sete minutos. O ex-americano Esley arriscou da entrada da área, a bola desviou levemente no pé de Fábio Sanches e construiu uma trajetória traidora para o goleiro Fabiano. O gol trouxe o pesadelo dos últimos anos, quando o time “desligava os aparelhos” e não tinha mais forças para reagir. Desta feita, a história foi escrita de forma diferente. O endiabrado Wanderley apareceu como uma flecha e acertou uma cabeçada fulminante, igualando o placar perto dos 20 minutos. Foi o chamado gol na “hora certa”, se é que gol tem hora para acontecer. O primeiro tempo foi concluído e o Fortaleza desceu para o vestiário ouvindo as vaias do torcedor.

Para a etapa complementar, o técnico Flávio Araújo usou a inteligência, construiu um cinturão de proteção nas proximidades da área e matou o adversário na base dos contra-ataques. O Fortaleza mordeu a isca. Partiu para o ataque, deixou o sistema defensivo desguarnecido e sofreu dois golpes fatais. O primeiro com Max, que recebeu um passe açucarado de Mazinho e tocou rasteiro para o fundo do gol; o segundo com Val, que driblou meio time e só não entrou com bola e tudo porque teve humildade. Um golaço que vai ficar na memória de todo torcedor e será o lance de abertura de qualquer DVD editado pelo jogador.

A sensação depois dessa grande estréia é de alívio. Um alívio que traz junto uma pitada forte de emoção e de esperança que dias melhores estão no caminho do América.