16 de jan. de 2009

Em Pernambuco, lei seca está de volta aos estádios


O juiz Ailton de Souza, do Juizado Especial do Torcedor, proibiu, ontem à tarde, a venda de bebidas alcoólicas nos estádios do Estado que recebem jogos do Campeonato Pernambucano. O magistrado acatou um pedido de liminar do professor e fisioterapeuta Silano Souto Barros, de 35 anos, que se sentiu prejudicado com a liberação da Federação Pernambucana de Futebol (FPF). A partir de hoje, é ilegal qualquer tipo de comércio de álcool nas praças esportivas.

Em seu pedido, o professor argumentou que começou a temer pela sua integridade física nos estádios, após a liberação. Outro motivo, esse sentido na sua rotina de trabalho, também o moveu a entrar na Justiça. “Sou fisioterapeuta e trabalho no Hospital da Restauração. Em dia de jogo, pude perceber que quando a lei seca começou a vigorar, no Brasileiro, os números de acidentes diminuíram”, conta.

O próprio Silano era contra a lei. Mas, com o tempo, mudou de opinião. “Gosto de tomar minha cervejinha. Mas a lei seca nos estádios deixou as coisas mais tranquilas. Acho que quem quer beber não vai ao estádio, fica em casa tomando a sua cerveja”, diz.

Para o juiz Ailton de Souza e para o governador Eduardo Campos, a liberação das bebidas alcoólicas nos estádios é um retrocesso. “No Brasil e no mundo, a situação é inversa. Ninguém permite que se beba em estádios. O álcool motiva a violência. Isso já foi confirmado na Inglaterra. Não existe explicação para termos voltado atrás”, afirmou Eduardo Campos.


O presidente da FPF, Carlos Alberto Oliveira, mostrou-se resignado com a liminar. O gestor do futebol pernambucano liberou a venda de cervejas ao fechar um patrocínio com a Ambev de R$ 800 mil. A empresa teria a exclusividade no fornecimento de cerveja Brahma Fresh nas praças. Carlos Alberto deu a entender que não travaria uma batalha de liminares na Justiça.

“Se vem da Justiça, nada posso fazer. Realmente não vejo motivo para que se proíba o comércio de cerveja nos estádios. Mas cada um tem o seu ponto de vista. E esse é o meu. Vou acatar o que a Justiça decidir. Na realidade, quando fui até a Ambev, queria dinheiro para os clubes pequenos do Campeonato Pernambucano”, concluiu.

Fonte: Jornal do Commercio
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